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domingo, 30 de abril de 2017

Mudanças

Depois de uma longa viagem, chego em meu apartamento. A expectativa era a mais simples possível que uma mortal poderia desejar naquela hora da madrugada: banho e cama. Finalmente retorno ao ninho e  alegre de estar naquele lugar pra se chamar de meu.



Fui entrando arrastando a mala porque o cansaço era grande. Mas, para minha surpresa visitinhas indesejáveis me esperavam formando um comitê de recepção, em cada ambiente por onde eu ia adentrando. Mal podia acreditar quando vi tamanha invasão e o estrago que fizeram como hóspedes, por trinta dias. E, nem pagaram o aluguel. Sem pedir licença, foram tomando conta de tudo. Desolada, larguei minha mala, andei por todos os cômodos como uma " barata tonta" procurando um lugar, na minha casa, em que eu pudesse dormir.



Decisão tomada: chegaaaa! Assim, não dá mais pra continuar: serão eles ou eu.
Claro, que nessa altura da vida só poderia me escolher. Chegou a hora da operação " Fora Cupins"!
Sim! Invasão de cupins por todo o apartamento.

A quantidade dos bichinhos, asinhas, larvinhas e formiguinhas que se juntaram para tomar conta do meu espaço era assustador. Em outros verões também tinha acontecido, mas como dessa vez, nunca!

Primeiramente, mandar embora todos os móveis onde eles já faziam moradia por longa data. Não teve produto capaz de exterminá-los. Portas, quadros, cadeiras também foram descartadas. E, a reforma que parecia pequena durou dois meses. Quebra, faz, desfaz, arruma, limpa, suja, limpa, suja, limpa...

Reforma é assim: uma coisa puxa a outra. Se de um lado foi trabalhoso, irritante, desconfortável e oneroso; por outro, chegou a satisfação, o conforto e a alegria de ter enfrentado tamanha mexida geral. Literalmente, ter saído da acomodação para poder chegar o novo.



Talvez o recado que fica dessa vivência seja exatamente esse...desacomodar para dar espaço às mudanças que a vida pode trazer com a esperança de ser melhor. Mudança é uma questão de decisão interior. Fácil ou difícil? Depende de cada um. Porém, percebi que escolhas só chegam quando algo perturba pra valer.

                                                                                                        Voilà



 

domingo, 23 de abril de 2017

Potinho de Mel de Lavanda

Faz tempo que escrevi e publiquei uma postagem aqui. Hoje, ao olhar a data,  nem quis acreditar: julho de 2016. Ao mesmo tempo, foi um período de afastamento necessário. Porque escrever por escrever é algo que não sei fazer...precisa sair da alma, com entusiasmo e vibração. E, vivenciei momentos tão delicados que minha alma  pedia que me aquietasse. Ela me confidenciava que alma sentida não tem vigor para externar pensamentos vibrantes. Uma grande amiga, uma irmã do coração deu adeus para todos nós e foi aromatizar o céu com suas lindas lavandas. Foi um despertar para o meu recolhimento.


Mas, a vida vai se pondo, ela não para. É bom olhar pra ela com esperança. A coragem de ir em frente pode vir de um sorriso que acolhe, de uma gratidão que se aflora ou de um sentimento de missão cumprida oferecendo o seu melhor para os que estão ao seu lado. Viver hoje como se não houvesse o amanhã, como dizia o poeta.  Hora de expansão da alma.


Assim como a vida vai, ela também vem. É um movimento no compasso do coração e nesse vai e vem nos damos conta que o universo é mesmo preciso e muito generoso. Sem muito avisar envia uma flecha açucarada que contamina a gente com a doçura de sorrisos fáceis e babões. Como descrever a chegada da primeira neta? Impossível...porque o amor transborda e a emoção tira os pés do chão. Tornam-se pezinhos de bailarina, que dançam no ar. Flutuando...

                                                              
 Ela chega nesse momento de expansão da minha alma. Tornou-se o meu potinho de mel: Mel de Lavanda, aroma delicado com cheiro de ternura. Já faz sete meses que Isabela, essa abelhinha fabricante de doçuras e mais doçuras, deixou em mim o mais puro gosto do amor incondicional.
                                          Bem que me diziam... vais ver quando tiveres netos!


                                        " Perguntaram-me indiscretos: o que fazes tu agora?
                                           Respondi: faço netos; é o meu ofício da hora.

                                           E é rentável tal mister? Tem vantagem pecuniária?
                                           Lucro, juros, ágio ou sequer a correção monetária?

                                           Recebo em MEL minha parte; em graça de conviver;
                                           Em toda sorte de arte, que só eles sabem fazer.

                                           Portanto, ouça e propague: netos são dons; são regalos;
                                           Não há dinheiro que pague o gosto de contemplá-los.

                                           E a criação é atribulada? Não chego a perder meu sono
                                           Isso é função delegada; eu apenas supervisiono."
                                         ( Fragmentos do Tratado Geral dos Netos - Marcondes Gadelha)

                                                                              Momento de gratidão!